
Frase: “ Porque foi que cegámos, Não sei, talvez um dia se chegue a conhecer a razão, Queres que te diga o que penso, Diz, Penso que não cegámos, penso que estamos cegos, cegos que vêm, cegos que vendo não vêem”
Todos os dias estamos “cegos” para situações que não queremos ver, que já são tão habituais que não as vemos ou porque simplesmente fomos ensinados a não as ver.
Nós sabemos que estas situações existem mas decidimos, ou a sociedade decidiu por nós, olhar para o lado e cegarmo-nos a nós próprios.
Na sociedade de hoje em dia são poucas as pessoas que conseguem ver no meio desta epidemia de cegueira selectiva.
A nossa sociedade é “cega” quando se trata de olhar para as diferenças dos outros, ou seja, o tom de pele, a cultura em que foram criados, a religião, a situação financeira, ou mesmo a profissão que exercem, entre tantas outras coisas.
No filme encontramos algumas situações que nos retratam as diferenças e como a nossa sociedade lida com elas.
Logo no início do filme, a primeira situação é bem reveladora do que nós, Seres Humanos, somos capazes de fazer perante uma situação de diferença.
Por exemplo, quando o primeiro homem cega, a única pessoa que se disponibiliza a ajuda-lo, fá-lo com segundas intenções, com o intuito de tomar proveito da situação roubando-lhe o carro.
Dramático, mas frequente na nossa sociedade, que prefere manter-se cega.
Por ironia do destino, esse mesmo homem acabou por ficar ele também cego e igualmente à mercê da “caridade” de outros.
Outro bom exemplo deste tipo de situações foi a reacção do governo a esta doença repentina, e perante o desconhecimento de saberem se seria contagiosa colocam os primeiros infectados em “quarentena” num hospital abandonado, sem condições, nem acompanhamento de qualquer natureza.
No meio desta situação o filme dá-nos a conhecer uma mulher capaz de se sacrificar em prol de um grupo restrito, do qual o seu marido fazia parte, correndo também o risco de cegar.
A este primeiro grupo esta mulher foi capaz de guiá-los, ensinando-os a viver com esta incapacidade e permitindo-lhes uma vida aparentemente “normal”.
À medida que foram entrando mais pessoas vitimas desta “cegueira”, o caos instalou-se e assistimos à transformação que ocorre nos Homens quando sabem que ninguém está a ver.
As condições de higiene degradaram-se, a luta pelo espaço e pelos alimentos tornou-se uma guerra interna e diária.
Após supremacia de um grupo perante os restantes, mais uma vez assistimos à decadência do Ser Humano, pois foi necessário que um grupo de mulheres se submetesse sexualmente aos caprichos do grupo dominante para puder garantir os alimentos aos restantes companheiros.
No grupo dominante havia uma pessoa que marcava a diferença, o cego que já o era antes da epidemia. Este homem era o único capaz de realizar as tarefas diárias de uma vida norma, ajudando os outros membros do seu grupo a subjugar o resto das pessoas, pois era o único que já estava adaptado à sua cegueira.
Este filme mostra-nos a capacidade do Ser Humano tem se transformar num Ser altruísta, mas também condescendente, quando confrontado com uma situação limite.
Leva-nos a pensar até onde somos capazes de ir para sobreviver e como a nossa sociedade fecha os olhos e põe de parte as diferenças perante o desconhecido.
Este filme abre-nos os olhos para a “cegueira” da nossa sociedade.
Trabalho realizado por:
Filipa Palma
Rute Barrocas
Margarida Salvador
Este é um daqueles filmes que, mesmo que não queiramos, nos deixa a pensar.
Cada pessoa tira uma moral diferente do filme.
Para mim, este filme fez-me pensar em como a nossa sociedade exclui toda e qualquer diferença sem remorsos. Vivemos num mundo de cegos selectivos e não queremos, ou não sabemos, como abrir os olhos, como sair desta cegueira em que nos esquecemos que somos todos iguais.
A pergunta que fica em aberto é: será que um dia vamos voltar a “ver” verdadeiramente?
Eu espero que sim… mas a sociedade não muda de um dia para o outro. Parte de todos e de cada um de nós abrir os olhos para uma verdade que sempre esteve lá mas que simplesmente não queremos ver, a nossa incapacidade de aceitar o que é diferente.